Em sua primeira participação na ArPa 2024, a Zielinsky apresenta uma seleção de pinturas e esculturas recentes da artista Sandra Monterroso (Cidade da Guatemala, 1954). Monterroso tem desenvolvido uma prática artística na qual busca restaurar sua herança cultural e ancestral como artista Maia. Sua investigação toma consciência tanto da realidade política atual como da história das violências na Guatemala –racial, social e de gênero–, assim como das estruturas de poder herdadas do colonialismo para, a partir de um conhecimento situado, “curar as feridas coloniais através da arte e dos rituais Maias e de outras culturas”.
A Zielinsky ocupará o estande U3 do setor UNI, sob a curadoria de Germano Dushá e Benedicta M. Badia. O setor reúne projetos com artistas da América Latina e Caribe que exploram o mistério da vida por diferentes meios. O projeto ensaia aproximações e contrastes regionais e subjetivos bem como aborda matrizes culturais e discussões urgentes que permeiam o globo, indo além de recortes geográficos e ficções políticas. Os artistas, com diferentes contextos e práticas, sintetizam ou reelaboram questões terrenas a partir de dimensões espirituais, imaginação e pensamento especulativo. Seus trabalhos, entre o corpóreo e o etéreo, reverberam visões cosmológicas, imaginários coletivos, tensões contemporâneas e futuros povoados por forças ancestrais e fenômenos inefáveis. É nesse encontro da espiritualidade com a materialidade cotidiana que dinâmicas críticas à colonização e à modernidade se transmutam em caminhos para a potência da vida.
Para a ArPa 2024, será apresentado uma série de pinturas e esculturas recém produzidas pela artista, porém que integram a sua pesquisa há mais de uma década. Obras como as da série "Composición en Estado de Calamidad" ou "Nido Azul" são realizadas por Monterroso com distintas fibras naturais, como algodão e cânhamo– e tingindas com pigmentos naturais, como cochonilha, índigo, maclurina e urucum. As obras desta série fazem uma abordagem política e social da espoliação cultural, econômica e territorial a que estão submetidos os povos indígenas em decorrência da implantação de atividades extrativistas hegemônicas na região.
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Sandra Monterroso (1974, Cidade da Guatemala) iniciou sua carreira artística no final dos anos 1990. Estudou Design Gráfico na Guatemala e posteriormente um mestrado na Universidad Popular Autónoma del Estado de Puebla, no México. Em 2020, conclui um doutorado em Art Practice pela Akademie der bildenden Künste Wien, em Viena.
Atualmente a artista integra as exposições coletivas “Threads to the South”, curada por Anna Burckhardt Pérez para o Institute for Studies on Latin American Art (ISLAA), Nova York, EUA e "Pies bajo fuego: Sobre el despojo", curada por Miguel A. López para o Museo de Arte Contemporáneo do Panamá.
O trabalho de Monterroso tem sido exibido em inúmeras exposições individuais e coletivas, destacando as recentes: "Colorando/Decolorando", curada por Paula Contreras para o Denver Art Museum, EUA e "Modos de ver | Ways of Seeing", no The Gardiner Gallery of Art, Oklahoma State University, EUA. Além dessas recentes exposições ocorridas entre 2023 e 2024, a artista foi convidada a integrar a 12ª Bienal de La Habana, Cuba e 56ª Biennale di Venezia (Voces indígenas – Padiglione America Latina) e a expor nas seguintes instituições: The Getty Center, Los Angeles; Fundação Calouste Gulbenkian, Portugal; Centre Pompidou, França; Casa del Lago UNAM, Cidade do México.
As obras da artista estão em inúmeras coleções públicas e privadas: Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía, Madri, Espanha; Essex Collection of Latin American Art, Colchester, Inglaterra; Y.ES Contemporary, Miami, EUA; Coleção da Fundação Paiz para Arte e Cultura, Guatemala; Museo de Arte Contemporáneo y Diseño de Costa Rica, San José, Costa Rica.