Zielinsky tem o prazer de apresentar, de 29 de março a 30 de abril, “Elementos”, primeira exposição no Brasil do artista colombiano Jorge Riveros. Nascido em 1934 em Ocaña e com uma trajetória de mais de 60 anos de produção, Riveros é um dos mais significativos artistas geométrico-abstratos vivos da Colômbia.
Nos últimos dez anos o artista tem se dedicado a revisitar o seu trabalho, concretamente o produzido entre as décadas de 1960 e 1970, período que residiu na Alemanha e que integrou os grupos artísticos “Semikolon” e “Konstruktives Gestalten”. Riveros era o único artista latino-americano que integrava esses grupos – ao mesmo tempo que se sentia acolhido pelos artistas locais da cidade de Bonn, era também uma figura solitária em um país que não compartilhava das mesmas referências visuais de sua origem. Em relação às influências desse período, o pesquisador Eduardo Serrano escreve no catálogo “Sueños Pospuestos”, que acompanha a exposição de Riveros no Museo de Arte Moderno de Bogotá: “Fica evidente, então, que seu caminho rumo à abstração foi atravessado por diversas influências, entre as principais: a de Joaquín Torres García; o legado da Bauhaus; o intenso ambiente artístico-abstrato na Alemanha; as exposições em galerias e museus e o interesse da vanguarda que caminhava rumo a essa vertente, tudo isso formou um ambiente favorável para o artista moldar o seu pensamento em relação à geometria e finalmente deixar emergir sua vocação em direção ao rigor e exatidão.”
Partindo dos esboços produzidos nas décadas de 1960 e 1970, Riveros apresenta em “Elementos” um corpo de trabalho que incorpora formas geométricas ao simbolismo das culturas pré-hispânicas. Os signos destas iconografias de ordem cósmica se juntam à pura abstração geométrica do seu período europeu: retângulos, triângulos, círculos e semicírculos parecem se equilibrar em outras tantas estruturas totêmicas. As formas do passado viajam no tempo e se materializam em outros suportes, se expandem e ocupam o espaço de maneira distinta a que foram pensadas originalmente: um desenho sobre papel ou uma pintura sobre madeira se agigantam dez vezes mais agora em uma tela, como acontece com as obras da série “Tiempo”, do mesmo modo ocorre com as formas desenhadas a lápis em décadas passadas que agora se desprendem do plano e se avolumam em um outro suporte, como é o caso dos relevos da série “Elementos”.
Revisitar o passado não é estar preso a um saudosismo, mas entender que a trajetória de um artista pode quebrar a ordem cronológica do tempo. Revisar o passado e trazer ao presente o que ainda o acompanha como tema, como desejo e como linguagem. As pinturas a óleo das séries “Bonn” e “Enlace al futuro” têm como suporte pedaços de madeira que foram obtidos pelo artista na década de 1980 de uma casa centenária que se encontrava em ruínas na cidade de Bogotá. O material, neste caso, também registra um passado, uma redescoberta de algo que revive no presente através da obra de Riveros.
Jorge Riveros foi aluno da Universidad Nacional de Bogotá de 1951 a 1956, onde se graduou em desenho e pintura. Em 1964 passa a residir em Madrid, onde inicia os seus estudos em pintura mural na Real Academia de Bellas Artes de San Fernando, no entanto, em 1965, volta a se mudar de país e passa a residir em Bonn, Alemanha, onde abandona quase por completo a gramática figurativa e se vincula à sua fase abstrata geométrica, que o acompanhará por toda a vida. Permaneceu na Alemanha por uma década, retornando a Bogotá em 1975, cidade onde atualmente vive e trabalha.
Suas obras foram selecionadas para participar em inúmeras exposições individuais e coletivas, destacando-se nas instituições: Fundación Juan March, Madri, Espanha; Museo de Arte Moderno de Bogotá - MAMBO, Colômbia; Museo de Arte de la Universidad Nacional de Colombia, Bogotá; Museo de Arte Contemporáneo Atchugarry - MACA, Manantiales, Uruguai; Museo de Arte Moderno Ramírez Villamizar, Pamplona, Colômbia; Museo de Arte Contemporáneo de Lima, Perú; Museo de Arte Moderno de Santo Domingo, República Dominicana; Bonner Kunstverein, Bonn, Alemanha; Kunsthalle Düsseldorf, Alemanha; Kunstpalast Düsseldorf, Alemanha; Rheinisches Landesmuseum, Bonn, Alemanha; Stadthalle, Bad Godesberg, Alemanha.